por Tânia Galluzzi – Revista Abigraf
Documentar o continente mais frio, seco e inóspito do planeta é o desejo da maioria dos fotógrafos de natureza. As condições adversas tornam a viagem e a tarefa de registrar o ambiente ainda mais desafiadoras, transformando cada imagem em pequenos troféus.
E Adriano Kirihara, 40 anos, trouxe da Antártida quase três mil deles e uma certeza:
apesar das condições hostis, se houver outra oportunidade voltará ao Polo Sul.
Formado em Jornalismo, Adriano Kirihara esteve na Antártida em janeiro deste ano.
A viagem surgiu do convite de outro fotógrafo, André Dib, que estava organizando uma expedição para lá. “Resolvi participar como um projeto pessoal.
Todo ano tento fazer isso, escolher um lugar e ir apenas para fotografar sem encomenda, sem pressão, sem pauta”, afirma Adriano.
Foram 21 dias a bordo de um veleiro de 70 pés (aproximadamente 35 metros), que renderam imagens deslumbrantes. “Apesar do pouco tamanho, a embarcação é a mais adequada para esse tipo de viagem e lugar. Embarcações maiores como navios não têm tanta facilidade para explorar locais como fiordes e baías.”
Os desafios foram muitos, de acordo com o fotógrafo: 21 dias praticamente confinado dentro do veleiro com mais 11 pessoas, a passagem pelo Mar de Drake, considerado o mais perigoso do mundo, as diversas variações de clima e de luz num mesmo dia. “Mas quando me perguntam se eu voltaria, a resposta é sim.” O resultado imagético virou exposição na cidade em que Adriano nasceu e vive hoje, Presidente Prudente (SP). A mostra, num shopping da cidade, reuniu 24 fotografias do continente austral, rendendo convites de universidades interessadas em ampliar o debate sobre a expedição.
O INÍCIO
O interesse de Adriano pela fotografia começou na infância. Em 1999, quando ingressou na faculdade de Jornalismo, o entusiasmo virou aprendizado e trabalho, com a colaboração para revistas e jornais locais.
O ingresso na TV Fronteira, afiliada da Rede Globo, acabou afastando-o da fotografia por seis anos, os dois últimos já na TV Grande Rio, em Petrolina (PE). “Quando resolvi deixar a TV para assumir alguns negócios da família, na área de fertilizantes, voltei a estudar fotografia. Daí começaram a surgir trabalhos para revistas na área da agricultura.”
Atualmente, Adriano faz parte do time da Pulsar Imagens e vem pesquisando um tema bem distante das planícies geladas: danças folclóricas.
Samba de véio e reisados já foram clicados, motivados pela vontade de registrar manifestações culturais que estão morrendo pela falta de interesse dos mais jovens. O tema deve avançar nos próximos meses em função do projeto de percorrer o Rio São Francisco, da nascente à foz, e do workshop agendado para setembro, que percorrerá alguns pontos dos sertões da Bahia e de Pernambuco.
Especializado em fotografia outdoor e documental, Adriano Kirihara trouxe do extremo meridional a exuberância de um dos cenários mais impactantes da Terra.